Deserto da vida
Há momentos na vida que o deserto
Em nós faz morada
Ele vem de mansinho e quando menos esperamos
Tudo secou, murchou, queimou
Os sorrisos sumiram
Os amores partiram
A casa silenciou
E o que antes era um oásis
Apenas a quente areia restou
Olho para essa imensidão
E tudo que enxergo é poeira
Escorpiões cobras
Qual veneno pior , deles ou da solidão?
Qual é a dor mais doída?
Com certeza a fria dor solitária
Que não tem compaixão
Onde estão todas as minhas flores?
Todos os sorrisos inocentes que aqui ecoavam?
O tempo e o vento levaram
O tempo não tem compaixão
O vento é impiedoso
Junto com o tempo arrastam tudo
Deixam apenas o vago deserto
O sol escaldante das lembranças
Que nos ferem feito lanças alucinantes
E queimam meu corpo
Ferem minha alma
Me enlouquecem
E eu aqui enterrada nesse deserto
Eterno desterro desfolhado
Terra arrasada por divindade malvada
Lamento eu no deserto
Choro minhas dores
Revivo meus dias de outrora
Onde tudo era alegria
Hoje me resta a cruel nostalgia
Que tanto me agonia