Numa cabaninha

Numa cabaninha

Fiquei escondido

Que nem um bandido

Que roubou a linha

Barbante de ouro

Falso que nem plástico

Acho mais fantástico

O ódio do touro

“Devolva a linha

Que pegou na mesa

Pois essa beleza

É minha, é minha”

E como um vilão

Tomou-me a linha

Caí na salinha

Abracei o chão

Fui à cabaninha

Pra ficar sozinho

Só ficou comigo

A mente vazia

Socorro, socorro

Eu não fiz por mal

Não sou animal

Não sou um cachorro

Pegar o barbante

Foi meu grande crime

Que quebrou o firme

Amor tão falante

Eu fui agredido

Por dentro e por fora

Só quero que o agora

Não tenha existido

Já complexado

Touros me xingaram

E eles não param

Pois sou malcriado

Oh, parem com isso

Quebrei o nariz

Não sei o que fiz

Foi por causa disso

Não saí de casa

Fui bom, não fiz nada

Nem disse palavra

Então não me bata

É só meu cabelo

O fino barbante

Não é tão gritante

Meu suposto erro

Deixem-me sozinho

Eu quero viver

Conseguir crescer

Mas assusta isso

Que fazem comigo

Por causa de fios

Acentos e tils

Todo o castigo

Ajude-me, Deus

A compreender

O crime de ter

Cabelos só meus

Estou acuado

E acurralado

Estou acanhado

E bem maltratado.

2/8/2016

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 13/12/2016
Reeditado em 23/12/2016
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