Monstros

Meus monstros estão se vingando

Dos dias em que andei os esquecendo

São ciumentos e precisam de atenção

E minha tentativa de livrar-me deles

Atiçou seus nervos impetuosos

Eles acham que tomaram posse

Mas já ordenei: Vão embora!

Se partem, porém, - se é que partem -

Voltam mais intensos e furiosos

Cada vez mais decididos a ficar

Nunca devia tê-los convidado para entrar

Não foi minha decisão mais sábia

Agora, entretanto, já não tenho como os barrar

São livres para ir e vir

Eu, teimosa, tento aos poucos reconstruir as paredes

Mas, quando menos espero,

Eles voltam e derrubam tudo outra vez

Torcendo para minha resiliência se esgotar

Talvez o único jeito de afastá-los de vez

Seja com um muro frio e pesado

Cujas rochas ninguém seja capaz de remover

Um muro que nem eu serei capaz de desfazer

Sei, porém, que ao isolar-me dos monstros

Nada nem ninguém mais passará

Construirei e cultivarei meu próprio inverno

Um pouco mais frio do que aquele onde costumava habitar

Alguns dizem que monstros não são reais

Mas começo a acreditar que somente eles são

Se for verdade, meu novo muro me fará bem

Se for loucura, porém, meu muro me sentenciará

Dancker
Enviado por Dancker em 12/12/2016
Reeditado em 13/12/2016
Código do texto: T5851300
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