Monstros
Meus monstros estão se vingando
Dos dias em que andei os esquecendo
São ciumentos e precisam de atenção
E minha tentativa de livrar-me deles
Atiçou seus nervos impetuosos
Eles acham que tomaram posse
Mas já ordenei: Vão embora!
Se partem, porém, - se é que partem -
Voltam mais intensos e furiosos
Cada vez mais decididos a ficar
Nunca devia tê-los convidado para entrar
Não foi minha decisão mais sábia
Agora, entretanto, já não tenho como os barrar
São livres para ir e vir
Eu, teimosa, tento aos poucos reconstruir as paredes
Mas, quando menos espero,
Eles voltam e derrubam tudo outra vez
Torcendo para minha resiliência se esgotar
Talvez o único jeito de afastá-los de vez
Seja com um muro frio e pesado
Cujas rochas ninguém seja capaz de remover
Um muro que nem eu serei capaz de desfazer
Sei, porém, que ao isolar-me dos monstros
Nada nem ninguém mais passará
Construirei e cultivarei meu próprio inverno
Um pouco mais frio do que aquele onde costumava habitar
Alguns dizem que monstros não são reais
Mas começo a acreditar que somente eles são
Se for verdade, meu novo muro me fará bem
Se for loucura, porém, meu muro me sentenciará