Lucía Delira

Nunca direi o que sou.

Uma mitologia vaga, nevoeiro,

uma invenção que venta só neste instante.

Nunca direi o meu nome.

Um sol passando cego e negro e surdo e longe

Rasgando as margens magras de todo horizonte.

Nunca direi a verdade.

Uma nuvem não é uma nuvem não é

Nada além do que a barca viva de Caronte.

Assim, despe esse espelho

que te veste, essa veste que te prende a vida:

seja uma vaga, nuvem, língua

delirante

Ferlumbras
Enviado por Ferlumbras em 11/12/2016
Código do texto: T5850204
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.