Lucía Delira
Nunca direi o que sou.
Uma mitologia vaga, nevoeiro,
uma invenção que venta só neste instante.
Nunca direi o meu nome.
Um sol passando cego e negro e surdo e longe
Rasgando as margens magras de todo horizonte.
Nunca direi a verdade.
Uma nuvem não é uma nuvem não é
Nada além do que a barca viva de Caronte.
Assim, despe esse espelho
que te veste, essa veste que te prende a vida:
seja uma vaga, nuvem, língua
delirante