Museu do amanhã
Um grande tatuí quase morto
À beira da baía de Guanabara,
Navio branco que passou do porto e
Das águas escuras com sua carapaça clara.
Fóssil novo e reluzente,
Exoesqueleto brilhante e alvo,
Prédio derrubado por acidente,
Gigante náufrago por acaso salvo.
Quase totalmente cercado de mar e mares -
Água suja, fétida, colorida de combustível -,
A ostentar suas estruturas triangulares,
Um corpo que se move de forma previsível.
Um homem que se aproxime da sua boca-entrada
O verá grande, amplo, desdentado e faminto;
Mas ao olhar para o lado, o verá como uma ossada
De um daqueles enormes navios extintos.
Para nada o seu exoesqueleto se move:
Um gasto de energia eterno e desnecessário.
Não voa, não nada, não anda, embora inove,
mudando e iluminando o velho cenário.
A velha e sombria praça do porto gigante
Agora - sem anteparos - encara o mar,
Mas inda guarda seus becos logo ali, adiante,
Às sombras de edifícios e morros a se abandonar.