FERA

Não era uma princesa, nem uma bruxa, nem fada
Era uma fera. Nunca fora uma bela abençoada,
Com uma vida leve, nem os augúrios da sorte,
Pois sua sentença na vida sempre fora a morte.
O desafio do caminho para si, seria nunca fugir
Mas os dragões, induziam-na a não confiar e seguir
A sabedoria que lhe inspirava no calabouço sombrio
Amedrotavam-lhe e o desânimo tiravam-lhe o brio
Música, poesia, filosofia, arte completa, a seguia...
Acompanhavam-na em contraponto, certa magia.
Mas sua vida macabra, marcada pela cruel escuridão
Não havia espaço para o amor, só para a resignação.
Seria esse seu contraditório destino: ser fera atroz,
Criar versos, cantar, imitar os pássaros com bela voz?
Assim, encantando a todos, tecia esperanças e fugia
E o estigma de ser fera, mais uma vez se cumpria.

 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 10/12/2016
Reeditado em 10/12/2016
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