Acima do chão
Suam os pés.
As pernas batem
joelhos.
Anos nebulosos
levam-me à porta.
Por que não abro
as janelas e fico
a espiar a rua?
Quem descreve
agora a face
de Deus?
Respiro.
Sopro a poeira
dos móveis.
Nada sei da pós-
modernidade.
São cômicos e trágicos
os filósofos do asfalto.
Despertam doidas
palavras nos cadernos
da vida.
Manhãs deslizam
no telhado.
Ando às cegas
antes da tarde.
Acima do chão,
escorrego, nos
sentimentos, saio
do escuro abismo.
Não vejo marcas
no rosto à espera
da viagem.
No trem antigo
não levo malas.