Ouro Preto
Cidade alta, louca.
Fumega traços;
Constrói laços;
Beija bocas;
Caminho...
Com passos largos
Pelas ladeiras:
Lugares calmos
Onde a vida voa.
Cantos Gerais,
Não de Neruda,
Mas de Minas.
Dois universos:
Museu a céu aberto,
Ancorado em dores.
Escravas
Que sofrem.
Terra da chuva,
Da mácula do tempo.
Sobrevive nova
E ébria.
Do outrora
Se alimenta:
É eterna.
Templo barroco:
Encerra o belo
E o grotesco,
E algo mais:
O paradoxo,
A divindade.
Lugar-comum
Da humanidade,
Da poesia
Ignorante e
Sem verdades.
Instantes mortos
Em cada casa:
A vida pára,
O querer espera.
As cruzes pesam,
Os santos sonham
Uma morte vã.
Os homens calam
Quando sabem
Não poder gritar.