Do Pedreiro
Depois de tantas paixões queimadas na olaria
a massa das intenções do pedreiro com a telha
não tapa mais os clarões da lúcida luz do dia
nem reveste os porões com áspera luz vermelha.
Antes, no noturno céu, o prata da lua fria
arrefecia o mel da vespertina abelha
e, sob seu morno véu, o óleo da alegria
diluia-se, pastel, num pó de lunar centelha.
Hoje, esse pedreiro que cegava no telhado
olha o céu primeiro, antes de pisar o chão;
sente a cor do cheiro...os suores da visão...
os espinhos piores nas flores do seu passado;
sente outros amores pelos mesmos ao seu lado...
no nublado das dores, antes a luz do trovão.
Torre Três
29-11-2016