PÁSSARO
Há um pássaro
em minha janela,
todas as manhãs
desperto
com som de suas bicadas,
pousa
após rasante
e começa a chocar
seu bico fino contra o vazio materializado
de vidro reto e liso,
busca encontrar-se
ou apenas
queira libertar o reflexo de sua imagem
por repetidas manhãs
este pássaro bicou
sua própria metamorfose
por várias manhãs
ele se permitiu
acreditar
na liberdade de um ser
que não o habita,
assemelhado a sua forma
transmitida até alcance de seus olhos
sua imagem e semelhança
deixou de ser refletida,
após
desacreditar na liberdade
de sua realidade abstrata,
o reflexo assim
tomou vida
e da vida
restou apenas o reflexo seu;