Minha alma
Caminho percorrendo sons solitariamente alegres como se fossem crianças rindo de suas próprias criancices criadas para distrair de modo traiçoeiro o olhar dos adultos incrédulos e perdulários que militam na vida como se buscassem peixes no deserto escuro das florestas verdejantes cobertas de lesmas como nuvens brancas.
Paro. Olho para o alto do oco buraco da fossa que brilha como um luar visto da luz azul presa no infinito vermelho do sol estrelar rei absoluto do universo repleto de seres vivos e mortos que buscam o fervor da fé rubra que arde como febre alta em moribundo perdido nas calçadas da eternidade triste e meiga como nuvens brancas.
Escrevo palavras libertárias do eco profano que habita o mundo no seio dos seres ditos humanos criadores e vítimas do elo gigantesco que envolve o globo outrora quadrado que habitava nas mentes cultas e sujas de água cristalina vertida da fonte perene da velha velhice dominante dos corações gélidos como nuvens brancas.
Grito parábolas surdas que se perdem na imensidão do nada como se fossem nuvens brancas que habitam meus olhos secos perdidos dentro de minha alma.
(25.10.86)