O Flamoyant e a ameixeira
O Flamboyant e a ameixeira
A semente que dela germinou foi uma ameixeira
A dele um flamboyant
Quis o destino que cada um nascesse em lados diferentes
Tendo uma estrada ao meio a separá-los
No entanto, a paixão entre eles foi inevitável
Amavam-se desde o amanhecer
Durante a noite
No raiar do dia
Embora não pudessem se aproximar
O vento jogava sobre eles a energia
O perfume, as flores, o pólen...
O desejo de um ao outro tocar
O tempo implacável foi desfilando suas estações
Na primavera o flamboyant enfeitava sua amada
Com lindas flores que caíam e tomavam a área
Onde a apaixonada ameixeira admirava o seu amor.
Em outubro a ameixeira
Exibia-se repleta de frutos
Orgulhava-se de servir de alimento
Aos pássaros
E àquelas criaturas esquisitas
Que subiam em seus galhos
E colhiam o que podiam
Verão, calorão...
Outono, os dois perdiam as folhas e riam
De suas carequices
No inverno apenas o sentimento que os uniam
Os aquecia
Muitas e muitas luas serviram de cenário
Àquele amor puro e sincero.
Chegou o tempo em que as criaturas esquisitas
Portando uma máquina barulhenta
Aproximaram-se do Flamboyant
Serrando-o sem dó!
Com o olhar apavorado e sem saber o que exatamente
Acontecia, chorou...
Tombou pesadamente ao chão
E. seus galhos finalmente tocaram
Os galhos da ameixeira,
Esta aproveitou para
A acariciar os galhos de seu amado.
E. poucos tempo depois foi ela, a ameixeira
A tombar incrédula ao solo.
Então, os dois ali amontoados:
Flamboyant e ameixeira
Entre serrotes e trincheiras
Amaram-se pela primeira vez.
Sônia Lorena Aver
14\10\2016