Acordo às quatro da tarde com os olhos melados de lágrimas.
Saio do quarto com uma imensa vontade de fumar
Mas o quadro de minha avó pendurado na parede marrom
Condena qualquer tentativa de voltar a este desgraçado vício.
 
Sigo pelo corredor vespertino sem destino ou fé,
Talvez um café me caia bem.
 
Não me canso,
Uma vez que já descansei bastante,
Aproveito para lembrar de ontem.
 
Uma outra mulher espreita pela janela,
Mas esta, não sei quem é.
Ela apenas está ali, de pé,
Com os braços cruzados,
E eu,
Com a xícara de café na mão.
 
Ninguém tem coração as cinco, do domingo.
 
O amor que se fez sozinho,
Virou sonho de passarinho.
 
Vou, vagamente vagabundo
Tomar esse mundo de um modo diferente,
Coração carente, gestos sem movimentos,
Pensamentos que flutuam
Em uma nuvem de dúvidas.
 
Como será a vida dos esquimós?
 
Cedo ainda para o jornal da noite,
Tarde para o almoço,
Um leve sanduíche de queijo.
Um beijo esquecido
Deixou sua marca no guardanapo.
 
Talvez pudesse ter sido
Aquele toque do telefone ás três da manhã,
E se fosse ela pedindo socorro?
 
É cruel este muro
Que separa as pessoas umas das outras.
É invisível, porém instransponível,
Até onde se conhece o limite da alma.
 
Mário Sérgio de Souza Andrade         -     27/11/2016
 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 27/11/2016
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