No baú

Sempre ouvi dizer

Que tenho um olhar de lince…

Num dia normal,

Uma discussão acalorada

Rouba minha total atenção.

Apenas leio a troca de mensagens,

Mas era como se as letras

Saltassem do texto.

Era fácil imaginar

Os gestos expressados ali.

A sua boca inteligente,

Sua fala surpreendente,

Sua raiva imprudente,

E sua doçura eloquente.

E num lampejo de lucidez,

As letras cessaram.

Formaram um nome.

Você ficou claro pra mim.

E nada mais ficou encoberto

Ou difícil de decifrar.

Mesmo com sua resposta

Ou a falta dela.

Com a distância

E o eco que há nela.

Mesmo assim,

A lince que há em mim

Avistou o baú de descobertas

Que há em ti.

Então quero todas,

Uma a uma,

Segredo por segredo.

E não se preocupe

Com o tempo,

Comecemos com a vida toda

Para abrir e viver o que há

No baú.

Lígia Oliveira
Enviado por Lígia Oliveira em 27/11/2016
Código do texto: T5835949
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