No baú
Sempre ouvi dizer
Que tenho um olhar de lince…
Num dia normal,
Uma discussão acalorada
Rouba minha total atenção.
Apenas leio a troca de mensagens,
Mas era como se as letras
Saltassem do texto.
Era fácil imaginar
Os gestos expressados ali.
A sua boca inteligente,
Sua fala surpreendente,
Sua raiva imprudente,
E sua doçura eloquente.
E num lampejo de lucidez,
As letras cessaram.
Formaram um nome.
Você ficou claro pra mim.
E nada mais ficou encoberto
Ou difícil de decifrar.
Mesmo com sua resposta
Ou a falta dela.
Com a distância
E o eco que há nela.
Mesmo assim,
A lince que há em mim
Avistou o baú de descobertas
Que há em ti.
Então quero todas,
Uma a uma,
Segredo por segredo.
E não se preocupe
Com o tempo,
Comecemos com a vida toda
Para abrir e viver o que há
No baú.