Da Bailarina Menina

Ela era uma bailarina

De uma valsa que apenas ela

Ousava, louca, bailar.

E trazia nos seus cabelos

Uma tiara da cor do arco-iris

E a saia toda bordada

Com estrelas cintilantes de ponta

E ainda a sapatilha

Que calçava apenas um pé.

O outro par ela perdeu por aí...

Enquanto tentava, erguida

Nela mesma equilibrar.

Ela era apenas menina

Que amarrou um barbante gigante:

dos seus pensamentos tontos,

até a Lua que se esconde.

E prendeu no barbante uma tábua

E fez um balanço brincante...

E balançou até vomitar.

… Há quem a tenha visto a balançar

E ainda a bailar na alva Lua minguante

Iguais aos seus sonhos de instantes.

Ela era mais uma passante

Deste mundo caos ofegante

De “redes” e fotos estanques

De sorrisos em fotos congelados

De momentos, por vezes, errantes

Que fazem barulho em silêncio constante

De mortos-vivos que andam distantes

Pelas ruas à procura de um abraço

Que cabe, de certo, no laço

Do seu braço que cruza no espaço...

No ar... A formar um abraço.

Ela era uma bailarina

Sem graça a buscar uma rima.

A dançar sem platéia ou aplauso

No silêncio da noite tão sua...

A balançar na minguante Lua

Sempre a espreitar a rua da noite

Que bem em meio ao açoite

Haja um sentimento par que estanque

O Amor sobre o mundo que dói - sua sina

Bailarina sonhadora menina...

… Ela é qualquer coisa esquisita...

Entre o acreditar nos sonhos e o acordar deles aflita.

Ela prefere prendê-los todos num bonito laço de fita.

Karla Mello

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 26/11/2016
Reeditado em 26/11/2016
Código do texto: T5835101
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