Paixão

Tenho em ti um mundo do muito do que não mais me pertence:

Beijos

Abraços

Carícias suaves que falam demais, que gritam em falsetes silenciados pelo vento nobre e sorrateiro que passa pelas videiras que plantamos

Abrigo em ti o que era meu em minha essência, em minha concepção arraigada

O restante guardo nos dias meus no absoluto silêncio que mente e maquia as verdades

Um sorriso

Umas horas as avessas

Uma memória nas escritas

Encontro-me:

Insípida

Inerte

Insone

Traga-me as flores não prometidas para o vaso derretido na quentura envolvida pelo breu de nossas noites não vividas,

nossos dias usurpados;

Traga-me seus risos para que possamos vivê-los no mesmo instante da pura paixão promissora que tanto te assusta

Faça-me a devolução dos beijos

Dos abraços

Das carícias suaves que calaram quando as abandonamos

Traga-me seu amor ao meio para somar ao meu e completar…

Seus mares guardados em oceanos despejados no nada,

Sua alegria confusa e conflitante

As gotas de chuva que ouço no telhado antes de adormecer

A esperança em nós

Cura-me o cortes abertos na pele tingindo os desejos mais puros que tenho

A dor bem recebida pela alma anfitriã

Dê-me o suor que marcou o corpo ressequido e violado as escondidas deixando-se livre... Quando víamos ausências em nós, e era tudo o que tínhamos

Traga-me tudo o que era meu, e se bem entendo…

Ah, se bem entendo, será doado ao seu "nada" o tudo avassalador que neste momento é somente meu.

22/11/2016

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 22/11/2016
Código do texto: T5831410
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