BEBENDO RELÂMPAGO
O bar aonde hospedo meus enganos fumega dúvidas
que fariam deuses parecerem delicados canibais
Indescritíveis e felinas mulheres abocanham a frágil crina do dragão
um decaído punk que se descobriu mais reacionário do que os pais
Centauros empunhando metralhadoras
arrasam homens incautos de sexo
pelas avenidas sem nacionalidade a não ser para o arbítrio do Poder
Estou sem condução neste ponto de ônibus
esquecido a oeste dos interesses
com o cigarro apagado da indiferença no canto da boca
O desprezo é a roupa dos omissos, a cruz ação
Sou o morcego feroz das meia-noites
não me veja como um burguês fascinado pelo crime,
mas covarde para tê-lo
Hoje, os medíocres neutralizam a ação dos inconformados
Amanhã, o grito rude dos que beberam do relâmpago
vai rachar a vidraça dos idiotas
para deleite dos viajantes
deitados embaixo da tenda estrelada dos sonhos