O PAPAGAIO DE PAPEL
Antonieta Lopes
Subindo o papagaio de papel
Ser também tenta lépida avezinha,
Mas não consegue sê-lo, pois, revel
Cabeceia, puxado pela linha.
Meio grande, sem jeito, infiel
Não repousa cansado à noitinha
Sobe, se lhe dá linha o carretel,
Desce se infantil puxa a mãozinha.
Mas quer participar da revoada,
Ao corvo, à cotovia se mistura,
Na tentativa inútil e frustrada.
Como esse papagaio a criatura
Quer ser o que não é e sem ser nada
Seu sonho no ar paira e pouco dura.