Como um sino de aldeia

Ouço o triste sino de uma aldeia distante...

Badalando inutilmente... chamando a multidão,

Que não atende ao apelo soluçante...

Porque a chuva não deixa formar a procissão

A noite de hoje reclama o corpus cristis

Mas os anjos não festejaram o acontecimento nas esferas

E nesta mesma aldeia, outros tantos pecadores tristes

Não coroaram de flores, o salvador das novas eras.

Eu sou como este sino desta aldeia impotente!

Deixando badalar lentamente a nostalgia...

Porque os fiéis buscando os céus ardentemente,

Misturam os santos e a fé com a orgia

Nada se compara ao seu lamento foribundo!

Os cristãos se esqueceram desta antiga tradição

E invocando a balada do cortejo moribundo,

Cruza os céus da nostalgia reclamando solidão.

Este mesmo sino que em vão reclama,

O direito de avisar os homens da fuga do inferno

Não consegue transmutar a mesma vós que chama

Estes seres para meditarem sobre o fogo eterno!

E nem que pela eternidade afora eu esmolasse em súplicas

A confiança cega deste povo perverso,

De nada valeria suplicar às santidades múltiplas

Para apagarem as podridões que habitam o universo!