O AMANHECER
A tarde se vai sutilmente
Todo santo dia é assim
Ainda que os ponteiros não queiram
As coisas irão acontecer
Mesmo que uns não queiram
Vai acontecer o que tem que acontecer
Sutilmente a tarde se vai
Vai e vem de estranhos
Uns indos outros voltando
Encontros e desencontros
Estranhos conhecidos diários
Se vai a tarde sutilmente
Os postes iluminam as ruas
Mas não tiram o brilho da lua
Muitos nem a percebem
Os letreiros se acendem
As meretrizes saem as ruas quase nuas
A noite todos os gatos parecem leopardos
Cruzam num relâmpago as estradas
Seus olhos enigmáticos refletem
O brilho da lua ou das luzes de neon
A noite promete aventuras explicitas
E as tardes passam sutilmente
A noite chega querendo acordar sonhos
Viver fantasias, um gin num quarto de bordel
Um sonho pago de um prazer barato
Com os ponteiros apressando os minutos
A tarde se vai sutilmente
E a noite chega mansamente
Prometendo sonhos e ilusões
Amanhã será um outro dia
Mesmo que uns não queiram
Ouvir o galo cantar e ver o dia raiar,
Sutilmente desperta o amanhecer
As meretrizes se recolhem as luzes se apagam
É hora do café amargo no bar da esquina
A lua dá lugar ao sol e esperamos o anoitecer.
Inspirado na poesia “O Entardecer” do poeta amigo Tony Bahia, visite-o.