AMOR- NO DESCONCERTO DAS PALAVRAS

Quando alguém vier me perguntar o que é amor,

Mandarei que procure no Google.

É bem mais fácil esse desencargo de consciência e me poupará

De enfadonhas explicações.

Até porque amor não se explica.

É coisa divina e não se sustenta

Na incapacidade das palavras.

Jamais procurarei saber o que é amor

Em dicionário ou enciclopédia,

Ele não estará friamente nas páginas,

Porque não é inerte, tampouco definível.

Quem nunca amou, que o pesquise.

E será inútil a busca, ( já adianto)

Mais fácil descobri-lo no desconcerto

das palavras

e nas pedrinhas do passado,

Quando uma a uma fizeram caminhos.

Ou na flor roubada logo pela manhã,

Para ser regalo sob o quente do sol.

Quem sabe no apito do trem

Enlouquecido de avisos,

Talvez na ladeira inaugurada de presságios

E na última canção da ave canora,

De um bosque transformado em paraíso.

Tudo isto a alma entende.

Difícil é compreender a pressa

Dos que não amam.

O desespero do desvencilhar-se.

Por isso, a esses orientarei a buscarem

no Google, lá encontrarão tentativas,

Porém,

Uma coisa é líquida e certa,

não entenderão o que é amor.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 17/11/2016
Código do texto: T5826366
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