AMOR- NO DESCONCERTO DAS PALAVRAS
Quando alguém vier me perguntar o que é amor,
Mandarei que procure no Google.
É bem mais fácil esse desencargo de consciência e me poupará
De enfadonhas explicações.
Até porque amor não se explica.
É coisa divina e não se sustenta
Na incapacidade das palavras.
Jamais procurarei saber o que é amor
Em dicionário ou enciclopédia,
Ele não estará friamente nas páginas,
Porque não é inerte, tampouco definível.
Quem nunca amou, que o pesquise.
E será inútil a busca, ( já adianto)
Mais fácil descobri-lo no desconcerto
das palavras
e nas pedrinhas do passado,
Quando uma a uma fizeram caminhos.
Ou na flor roubada logo pela manhã,
Para ser regalo sob o quente do sol.
Quem sabe no apito do trem
Enlouquecido de avisos,
Talvez na ladeira inaugurada de presságios
E na última canção da ave canora,
De um bosque transformado em paraíso.
Tudo isto a alma entende.
Difícil é compreender a pressa
Dos que não amam.
O desespero do desvencilhar-se.
Por isso, a esses orientarei a buscarem
no Google, lá encontrarão tentativas,
Porém,
Uma coisa é líquida e certa,
não entenderão o que é amor.