A casa da menina
Janelas brancas
Portas abertas para o nada
E os olhos dela
Ficavam entreabertos
A casa já estava
Com cheiro de
Silêncio amarelado
E os olhos dela
Estavam distantes
O bastante
Para não serem vistos
Conversava com si mesma
E o estalar dos dedos
infinitos
Seu vestido quieto
No corpo magro
Feito de algodão e flores
A casa era mansa
Aflitamente arrumada
Buscavam sonhos, quimeras
Matemáticos piscavam
Ela olhava para casa
Para dentro da casa
Para além da casa
E como eram idênticos
Seus abismos
Milton Oliveira
Novembro/2016