ancorei a vida

ancorei a vida no cais, no caos

preciso de novos óculos escuros

proteger meus olhos desse mundo

de raios ultravioletas, ultrarrosas, roxos , azuis...

preciso sair por aí, inventar coisas que me pesem o tempo

e não pesem a consciência de se viver lentamente

como aquela gorda vaca que rumina seu passado presente

preciso de flores de plástico para estante da sala

anjos de porcelana e porta-retratos

e flanelas e espanadores para tirar a poeira

dos que já nem dou mais conta ou valor...

mas se ligo a TV a poeira se acumula

um dia descobrirão tesouros nessa terra sem mapa