Meteoros caem em nossas terras
Meteoros caem em nossas terras
Dizendo O mundo chegou ao fim!,
Deus decidiu terminar com as férias,
Pois viu que o que fez era ruim.
Terras em chamas e mares secando,
Plantas caindo e animais morrendo,
Últimos artistas estão pintando
Os últimos homens sobrevivendo.
Profeta ouviu do oitavo vento:
Piedade final: fim será lento.
Mãe acalentava o seu menino,
Pai acalentava a sua esposa,
São as últimas lágrimas caindo
Nesta Terra há tanto tempo rota.
No jardim brincava o cachorrinho
Que nascera há apenas um mês,
Era seu favorito bonequinho,
Mordia-o pela última vez.
Eram esses três malditos sortudos
A sobreviverem. Três pobres mudos.
Na fazenda o idoso lavrava
A terra que não daria frutos,
A sua esposa, lá enterrada,
Queria dar os seus braços imundos.
"Ó minha velha, aconteceu mesmo,
Jesus puniu nossa raça maldita.
Mas tinha de ser fim assim tão esmo
Sem cumprimento e nem despedida?"
Torcia o velho arrependido
Para ver a mulher no paraíso.
No cemitério havia os corpos
Também daqueles que sofriam luto,
Mas o coveiro não viu esses mortos -
Virou um deles no mesmo minuto.
Era assim o fim de nossa espécie,
Destruídos pelo insuperável.
O pai que gritou com o filho "Tu cresce!"
Ao lado dele se encontra esmagado.
Logos os vermes também morrerão,
Mas até lá: Última refeição.
Na casa com a família unida
Jaziam apenas corpos inertes,
Pai, mãe e filho, ampola vazia,
Mas tudo bem, já estavam em xeque.
Na fazenda, o velho não lavrava,
Pois já plantara a sua semente;
Agora ele apenas cavava
Para revê-la, de terno, carente.
Quando a encontrou, ficou lá com ela,
"Logo a verei, ó minha bela Bela."
Último filhote vivo da Terra
Respirava os seus últimos ares,
Morte inocente, não foi com a guerra,
Uma dor justa a todos além-mares.
Não houve quem tivesse mais ou menos,
Eram todos pobres como o filhote,
Nem um bebê mais terá par de seios,
Nem um artista terá holofote.
É primeira justiça que vivemos,
É também primeira em que morremos.
16/11/2016