Janela

Ando sem língua

Apenas os pés trançam

Os espaços chamam

As linhas contornam

A morada das palavras

O que quero excede

A órbita do dizível

Luto para ser

Vida e morte

A fala não diz

Gaguejo a imagem

A língua me prende

Sou levada à margem

O cárcere do dizível

Resta na janela

A fotografia da espuma

E o sal banhando o corpo

Enquanto ouço no futuro

O barulho das ondas

Quebrando silêncios.