The Great Gig In The Sky

"And I am not frightened of dying

Any time will do, I don't mind

Why should I be frightened of dying?

There's no reason for it

You've gotta go sometime.”

Eu estou sentindo um pouquinho de nada...

É aquela sensação precedente do vazio escaldante e perturbador

que me toma toda e cada vez em que me vejo sentindo quase um nada.

Até que eu sinta um nada completo:

Um nada em seu todo...

Só um vazio é que resvala entre um e outro.

Um vazio de vida.

Um vazio que enche.

Preenche...

Toda e qualquer vaga de sentimento

que em mim aguarda para viver, qualquer salão

transborda de

Silêncio.

Esse vazio que tanto tenho em mim

e que não sinto nem rastro de cheiro...

É onipresente.

É um vazio que parece Deus:

guia meu espírito enquanto meu corpo não responde a um piscar de olhos sequer,

nem mesmo um mexer da ponta dos dedos.

Meu espírito flutua nesse vácuo.

Existo.

Coexisto num silêncio nato.

É o vazio de Deus: saber que se existe, mas não se sabe o porquê,

nem de onde se vem, nem pra onde se vai...

É o silêncio de Deus, dos cosmos,

de tudo que a gente não sabe.

Vivo agora só no instante do oco...

Não o, mas no.

Estou vivendo dentro dele

ecoando ecoando

Se não já o sou ou ou ou ou ou

– digo talvez

ez

ez

ez

ez

.

.

.

Tudo que espero é que isso logo passe...

Ou meu espírito cairá nesse voo sem nem ter asas.

Cairei sem nada do nada rumo ao nada:

voarei no espaço da ausência

viverei no existir do vazio

e existirei no sentimento do que é não existir.

Larissa Maciel
Enviado por Larissa Maciel em 14/11/2016
Reeditado em 01/05/2022
Código do texto: T5823274
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