pomares
eramos como dois
pássaros de madeira
na parede do descanso,
eramos como duas semanas
numas dessa imaginações amorosas
eramos como ilhas unidas
por colunas de terra e letra
como unidas por tubos de esperança
molhadas dia e noite pelas brisas das alvas,
eramos dois olhares que se formavam
num só clarão de verdade, janelas
dispersas em diásporas pelos bosques,
tudo isso era a poeira das discórdias,
pois tínhamos braços que voavam
e pernas que remavam, pele que nos
protegiam do frio, eramos dois punhais
de água mentalizando
o grito que noutro tempo
não pode ser dado, éramos dois
gritos abafados, duas torres trincadas,
éramos abafados por coisas ordinárias,
e no entanto, o trabalho com as palavras
malhar o tormentos, malhar a experiencia
suportar cada segundo dessa loucura, e perceber
alem do gesto e do medo o farfalhar morno de um reino perdido,
colhido nas palavras,