dormente de outra margem

a poesia é fio de ariadne,

a poesia é fio de ariadne

tem dias pesados mesmo, dias que não andam

que não há movimento, somente a densidade

nos apovarando, tem dia o que o instante é isso, esse

nada que tudo navega, mas nada nos consola,

as horas ruminando no atoleiro que não se enxerga,

o tormento das memórias

também tem seu lugar, pois o imaginário toma

as redeas e se poe a criar fazendo uso da própria

materia do seu cismar, ondas gigantes nos ameaçam,

o terror do sagrado, vapor de medo que nos impoe

um limite, a revelação ténue, a majestade que se

poe á nossa frente, não estamos a esmo nesse instante,

temos a nós mesmos nos arredores de nossos recôndidos,

espalhados pelas narinas das tempestade, no fogo que

presente, arde, lugar estranho e afastado, dormente de

outra margem

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 12/11/2016
Código do texto: T5821326
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