dormente de outra margem
a poesia é fio de ariadne,
a poesia é fio de ariadne
tem dias pesados mesmo, dias que não andam
que não há movimento, somente a densidade
nos apovarando, tem dia o que o instante é isso, esse
nada que tudo navega, mas nada nos consola,
as horas ruminando no atoleiro que não se enxerga,
o tormento das memórias
também tem seu lugar, pois o imaginário toma
as redeas e se poe a criar fazendo uso da própria
materia do seu cismar, ondas gigantes nos ameaçam,
o terror do sagrado, vapor de medo que nos impoe
um limite, a revelação ténue, a majestade que se
poe á nossa frente, não estamos a esmo nesse instante,
temos a nós mesmos nos arredores de nossos recôndidos,
espalhados pelas narinas das tempestade, no fogo que
presente, arde, lugar estranho e afastado, dormente de
outra margem