Um pedaço do silêncio que dorme no chão da cozinha

Que a garganta arranhe pela manhã

e os azulejos brancos da cozinha sangrem todos os dias,

que os beijos explodam na boca incontáveis,

inconfundíveis, incalculáveis...

E que a dor não seja maior do que as gargalhadas

que ironizam tamanho sofrimento.

Que os beijos explodam da boca, incontroláveis

e feito os vulcões pirem o cabeção!

E que depois murchem sem dó nem piedade,

feito a imagem esmaecendo às três da madrugada,

após o clique no controle da TV que te controlava

e que agora te liberta de tamanha prisão.

Que o refrão infame...

- pedaço do silêncio que dorme no chão da cozinha -

inflame em chamas de lava ardente

e dissolva feito um passe de mágica,

as rochas marrons e duras,

que são pedras em nosso caminho.

Que quem escreveu (ou leu) essa asneira não morra só!

Nem viva só, nem só lamente por toda a sua miserável vida.

E que possa ser também resiliente,

tenha força pra seguir em frente

e mesmo sem prognóstico positivo possa encontrar uma saída,

que possa ver (entender) que toda essa gente só, não é obra do acaso.