Passeio

Belo Horizonte é uma cidade ímpar,

Ensimesmada: janela aberta para o espelho.

Lugar de acasos, de vida afora,

Suores e noites de paz.

Renasce todo dia

Saída de dentro do sol.

Herdeira de Minas, canções de Milton:

Sinos errantes e cristos pagãos.

Terra de calçadas, de olhares baixos,

De seres que rastejam com a cabeça na lua.

Meninos no espelho da lagoa,

Horizontes azuis, telhados de fogo e tapetes de asfalto.

Cumprimentos gentis, com pé-atrás.

Timidez que vem a calhar.

Sabe seu destino: esconde-o.

Serras de silêncio circundando o livre-arbítrio.

Pudores e excessos temperando a multidão errante.