Travessia para o inserto

Feito pedra ao seu pescoço

Cordas amarradas em nó

Sem dó

A esperança se desfaz em um segundo

Posto em porões imundos

Correntes trincam sem parar

Ao andar

A fome te acompanha mar adentro

O medo é seu maior sentimento

O desconhecido te espera

Pior que a viagem castigante

É o passar da vida pelejante

Noites escuras e intermináveis

O dia nunca mostra sua existência

Que penitencia!

O inserto e uma constante

Num instante.

E o inferno uma certeza

Sem surpresa.

A escolha não está ao nosso alcance

E um fio de vida é o que nos resta

Com pressa!

Era um amontoado de pessoas

Com línguas, costumes e religiões diferentes

A turbidez do ambiente embaçava seus olhares

E a ambição do “branco”

Ia diluindo seus sonhos, sua família, sua religião e sua fé

Restava ao negro a solidão no meio de tantos

Sem espanto!

Que o novo pudesse ser melhor

E o que lhe reserva esse mundo novo?

Um socorro?

Não! Um martírio de uma vida sem regresso

Que perverso!

De nunca mais poder encontrar o seu povo.

Luis da Silva

Luis silva
Enviado por Luis silva em 10/11/2016
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