Acontece

vejo nos seus olhos o pranto

uma dor que me cega,

uma faca que me corta os ossos

como uma serra de fogo.

não encontro palavras amenas

ou gestos que lhe acalmem.

ah, como gostaria de ser uma águia

ou quem sabe um colibri

que pudesse roubar o néctar

da flor mais que perfeita

para adoçar o seu infinito sofrimento

ou até mesmo o deus Tupã

pra fazer uma magia na floresta

e ali se cantarem todos os cantos

em uma só voz.

novos dias haverão de brotar do seu ser

qual ipês no sopé da serra.

hoje não canto nem rio, desafino,

sofro como quem perdeu o brilho

ou a própria alma.

talvez amanhã quando o sabiá nos acordar

seremos outras pessoas

e o nosso riso será maior do que o seu desencanto

e o nosso abraço

um laço sem pontas,

um aperto sem dor,

um beijo sem fim

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 10/11/2016
Reeditado em 08/05/2017
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