A FONTE ato9

A FONTE ato 9

Desce a cruz do olimpo

majestoso vigora sua imensa

calórica vertigem sobre o mundo

onde o escuro predomina

com luzes de fogo ao longe

brilho que sombrio acaba-se

antes dele poder enxergar quem

está vindo o que são estas vozes

misturadas vozes ecoadas

cães ladrando com sede de carne

pode sentir o ruído das unhas

trafegando nas paredes com raiva

o cheiro lembra suas aventuras na selva

nos tempos da juventude eterna

quando matava covarde

algum animal indefeso

ela estava indefesa de costas

de costas com o ventre perfurado

na lâmina o sangue não tinha cores

não era vermelho estava vivo

se ouvia o sangue desenhando

correndo nas veias subindo

ela estava de costas não sabia

ela estava orando numa vela

que acesa refletia o medo de sempre

estar de frente ao medo que sentia

do medo possuído de alguém

por vertigem lá dentro

que o consumia ela não sabia

só depois de atacar sua presa

de ver seus olhos pedindo

que acabe com as dores do tempo

pode encarar aquele rosto

que dormia sem saber de nada

o que ela sentia vivia no enredo

desde o tempo que deu a luz

ao único amor que nutria

sua pele estava pálida dissolvida

no sangue ele lambia a faca

e beijava suas feridas com a mesma

sede do deserto ela morria

os passos breves estavam pertos

ele estava cego na noite

que é eterna no fosso incerto

como a dúvida perdida nos anos

quantos anos estava além dela

onde plantava flores cultivava

coisas disfarçava a terrível

dor da criança agora em coma

lá em cima sobre as folhas na sombra

de uma grande árvore ficava

encolhido na posição fetal

de repente transparecia o terreno

de cima ele tentava gritar

mas ninguém ouvia

só ouvia os passos ainda breves

caminhando pesados perto

demais de onde estava

vinha uma sombra que queimava

não adiante se afastar do destino

ele procura o mínimo existente

suas mãos no barro das paredes

são ilusões de querer abrir uma porta

fechada as escadas estavam destruídas

um pedaço do degrau mais alto

caia pelos escombros foi deitar

estigma riscando sua pele

pra que possa ouvir o que

escrito estava desejando

que pudesse ter ouvido

antes de ter feito do inferno

o mundo mais perto...

...ele não batiza doentes nem miseráveis

os marginais são conselheiros da ponte

d'outro lado não há sinais de vida

deverá entrar na ponte

percorrer os seis caminhos

escolhidos por quem se aproxima

quem se aproxima envia o

primeiro desafio até o quinto

poderá enxergar o destino

deverá ser rápido o próximo passo

chegará em seu corpo

como o sol do deserto

sentirá o mundo todo a sua volta...

...vazio.

MÚSICA DE LEITURA: COPH NIA - CREDO V