CORRENTEZA
O tempo deflagou chuva
os dias de sol tornaram-se
tempestade
trovoadas rugirão em seu peito
a dor não sessa
arrastou-se
como pode em meio a lama
sujou-se
de sua própria mesquinhes
e assim
tanto fez
que agora conseguiu estar sozinho
machucado pelas pedras
de um caminho descontente
gritou em balcão de um novo bar
por ajuda
atirou-se
de vez por todas
as rochas de um rio próximo
a correnteza o fez
despir-se
de todo o mal que o aflora
buscou por terreno enxuto
já não podia lutar mais
contra as forças de uma natureza
e tudo que encontrou em foz
foi sua própria imagem
de um rosto cansado pela repetição
dos novos erros que sucediam
restou apenas
levantar-se
e percorrer por águas mais rasas
com a segurança
de não se deixar afogar
pelo desgosto
de recomeçar
tudo de novo;