Ao meu lado.
Ao meu lado.
Encontrei perdido em algo bolso de um passado rasgado, alguns de meus poemas antigos. São lamentações de um jovem que acabava de iniciar sua vida literária lendo textos do Romantismo, três partes de uma Lira dos vinte anos, de um poeta triste, idade que eu me aproximava. Ao olhar aquelas linhas me senti voltando no momento em que as escrevia, olhava o garoto que almejava ser poeta.
Notei o quanto eu falava sobre rosas, vento, vinho, o amor e a morte. Afinal é um ciclo e seus símbolos. Influência da idade, talvez. Vinte anos incompletos, começando a minha Lira. Ver aquele jovem ignorando semânticas, verbos e predicados, usando todo o potencial de seu ego criativo e pedante, do qual a origem, era um número muito reduzido de livro que havia lido, escrevendo suas linhas tortas em papel usado com uma velha caneta vermelha, me fez rir um riso cúmplice, de um amigo do futuro que sabe: seja um poeta de seu hoje, deixe o amanhã para mim. Quero chegar daqui a vinte anos, olhar para esse tempo e rir com o mesmo riso que tive hoje.
Escrito por Filipe Dias