REMINISCÊNCIAS IV
Portas e janelas guardam segredos
Ouviram sussurros e juras
Confidências e inconfidências
Trancadas em si mesmas
Nada dizem
Observam
Vigiam
Intimidam
A presença silente
Quase sempre é um grito
De almas inquietas.
Portas se abrem
Portas se fecham
Libertam ou protegem
Revelam ou escondem
São dramas da vida
Do teatro da existência
Como olhos úmidos
Casados com almas
Inquietas e itinerantes.
Detalhes e pequenez
Imperceptíveis
Quase nunca notados
Mas existem
Mesmo efêmeros
Curtas vidas
Que enfeitam existências
Finitas como flores
Carregadas de beleza
Mesmo quando ao chão.
A beleza se contrapõe
Se alterna e se encanta
Mas nada supera o azul do céu
Nem a alma humana
Que reside em olhares
Em janelas que observam
E torres que vigiam
Compondo a harmonia
Da beleza que se expande
Ao infinito
À serenidade do olhar mudo.
Azul cobrem os alegres céus
Na terra telhados nos cobrem
Nos livram do calor
E nos prendem das belezas
Tal qual corpos fechados
No silêncio e na indiferença
Da vida como um dom
E de horizontes a percorrer
Em descobertas constantes.
Fechar abrir uma porta
É mergulhar no universo
De possibilidades.
Portas abrem e fecham
Chaves sempre em suas mãos
Cabe a cada um
A escolha de sua vida
Caminhos a percorrer
Ou isolamentos restauradores
A cada um, suas decisões.
Passado e presente
Convivem em cores e harmonia.
Conviver com o diferente
É entender que a diferença
É um convite à harmonia da beleza
Que realça a existência
Em tempos vários
Em momentos únicos
Tão diversos
Tão nós.