Penas do Tiê
Uma vez parei para pensar quem seria eu,
o que estaria fazendo aqui.
Até hoje não obtive a resposta, mas algo reparei
ao analisar as plantas, as árvores,
sinto-me completo e é como se Deus existisse
e fosse eu.
A sensação de completude é ver os pássaros voando
a passarada já tocando suas vidas
sem saber qual a estrada,
sem saber qual é o dia.
Ali não existem horas, ali é a incerteza, é simplesmente ir.
Igualmente ao Tiê com seu canto livre,
canto que emudece qualquer outro canto.
A ideia de liberdade mais simples é ver a tarde,
a tarde é linda quando vai anoitecer.
É só observar o canto de um pássaro
que eu entendo a liberdade.
É só olhar as frutas ao nascer, que sei que vou morrer.
Parece loucura, mas seria eu um pássaro? Um Tiê?
Ao reparar a natureza, o mistério que ela carrega,
sinto que eu talvez seja uma vontade de canto livre,
uma vontade de liberdade, uma pássaro perdido na passarada,
talvez eu seja tudo e seja nada.
A vontade depois de tanto analisar, a vontade é tocar a vida
sem saber qual a estrada,
sem saber qual é o dia.