AS MINHAS PLURAIS AFLITAS
AS MINHAS PLURAIS AFLITAS
Ela podia ter sido a vontade
do tal deus que guia as almas
ter levado de pronto a minha
mal teria isso um olhado frio
de longe assistindo um outro
rosto chorando preso em ilhas
quantas posso chegar naufrago
nenhuma delas tem sentido
as coisas não estão procurando
feridas nem ao menos sabem
que nós somos quem sentimos
por elas coisas que ficam esquecidas
da vontade cega a vontade eterna
que mata por ser tão selvagem
não ver o dia crescendo
e morrendo logo em seguida
ela podia ser aquela estrela
que brilha no alto a vênus de milo
nua simplesmente crua ainda virgem
sempre a virgem dos lençois
embranquecidos de suor amado
o suor enriquecido com sais
das proteínas que quebram
naquelas transas loucas
em cima da cama de qualquer outra
paisagem ao fundo uma
certeza de linguagem colorida
daquilo que contém sangue
se mistura com a pele e sai perene
ninguém deu mais ênfases do que eu
pelas sirenes ligadas
um carro em disparada
só me sobrando a sombra
da imagem no interior do espirito
ruindo meu coração já aflito
parece não querer mais tocar
meu peito enfraquecido
rabisquei palavras no chão mesmo
quando chovia
podem levar as singulares que ficam
não terão nada a dizer
porque ninguém está sentindo...
as minhas plurais serão todas
sempre eternas e vivas!
MÚSICA DE LEITURA: Chopin - Spring Waltz