Do Detento

Quem está livre, então; se fora desse concreto

tudo que voa, exceto ave e avião,

leva consigo o chão...as grades do vão afeto

que constroem o teto da afetiva prisão?

Como içar o peso que prende o calcanhar

desse que quer voar mas com seu amor já obeso

e a ele tão preso por algemas de amar

amando mais o queimar do que o fogo aceso?

Quem quer a liberdade se o coração (que voa)

tem a prisão tão boa...a afetuosa grade;

detento, na verdade, do céu de outra pessoa

ele, um eterno réu num júri sem argumento...

um cúmplice do vento nas cinzas do fogaréu

queimando, como papel, as asas do sentimento?

Torre Três

05-11-2016

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 05/11/2016
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