Sobrevivo
Sobrevivo, mesquinho aos olhos de todos.
Como um lagarto, sobrevivo.
Atento a tudo o que já não é possível.
Olhos insanos de minha alma, constantemente
Provocados pelo dinamismo das vidas triviais das gentes.
Sobrevivo, como que por uma vontade sádica de Deus:
Sou capaz de desfazer-me de mim mesmo
Como de uma roupa velha que já não serve.
No meio da noite, a força,
Mãe de toda vaidade, superável e triste,
Persegue os cães vadios que dormem na calçada.
Eu, do alto de meu inferno, sobrevivo.