Da Mó
São muitas as vezes que, vivendo, morri
em corpos fregueses de uma alma só.
Perguntei aos deuses mas, mudos, respondi :
no corte dos meses eu retorno ao pó.
Nas vidas ciganas que, morrendo, vivi
(cegueiras humanas amoladas na mó)
as facas mundanas, desse mundo daqui,
todas as semanas me cortaram um nó.
Afio a morte na dura mó da vida
para que o corte enxergue o cordão...
pra não perder o norte nas vias do chão
(nessas ruas frias , longe da avenida)
pois, sem fantasias do viver suicida,
o cortar dos dias me ressuscitarão.
Torre Três
31-10-2016