DISTANTE

DISTANTE

Enxergo-me noite

Fria de luar menor

Os olhos piscam

Incessantes vida e morte

Tentam sobreviver

Em terreno errante

Em solo desconhecido

Habitado por almas sem brilho

Em castigo eterno

Vilipendiado em verso

Sem começo e fim

Apenas meios indefinidos

Acorrentados a troncos

De raízes profundas

Que se espraiam

Em subsolos estéreis

A procura de água

De vida devida

A morte benvinda

Em cinzas inócuas

Em vácuos pensantes

Por prados desconexos

A procura de anexos

Ao encontro de sexos

Abandonados e solitários

Para matar a sofreguidão

Que exaspera e faz sofrer

Mas também faz querer

Aventuras e quimeras

Venturas e prazeres

Sumidos e perdidos

Num tempo irrecuperável

De saudosos momentos

De luas crescentes

De invernos frios

Em corpos tropicais

Sensações animais

Que não voltam jamais

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 30/10/2016
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