DISTANTE
DISTANTE
Enxergo-me noite
Fria de luar menor
Os olhos piscam
Incessantes vida e morte
Tentam sobreviver
Em terreno errante
Em solo desconhecido
Habitado por almas sem brilho
Em castigo eterno
Vilipendiado em verso
Sem começo e fim
Apenas meios indefinidos
Acorrentados a troncos
De raízes profundas
Que se espraiam
Em subsolos estéreis
A procura de água
De vida devida
A morte benvinda
Em cinzas inócuas
Em vácuos pensantes
Por prados desconexos
A procura de anexos
Ao encontro de sexos
Abandonados e solitários
Para matar a sofreguidão
Que exaspera e faz sofrer
Mas também faz querer
Aventuras e quimeras
Venturas e prazeres
Sumidos e perdidos
Num tempo irrecuperável
De saudosos momentos
De luas crescentes
De invernos frios
Em corpos tropicais
Sensações animais
Que não voltam jamais