PINTURA
 

Na minha cidade azul
(a pinto como bem quero
e nisso eu sou  sincero),
a noite é cheia de estrelas,
e os poemas dormem calmos
sem culpas e sem pecados:
não vou, ainda, acordá-los.
Na hora certa eu os chamos
e eles despertam, ligeiros,

do seu voo aventureiro
para banhar-se no lago.
Aí, então, eles dançam,
brincam, brincam - são crianças
e acreditam que a vida
é uma bela adormecida
mergulhada em abandono
no mundo irreal em que o sonho
conta histórias coloridas.


Meu poema, minha imagem,
reflete o céu, a paisagem.