EU NUNCA FIZERA AQUILO

Eu, mocinha, nunca fizera aquilo,

Só de pensar me arrepiavam os pêlos

A tentação do ato proibido

Ignorando os ensinamentos maternos.

Olhava para ele embevecida, lindo,

Um deus branco acenando, me chamando

Para sentir no seu largo peito

A loucura, o prazer da conquista.

Aventurei-me. Tremi por um instante,

E fui possuída por aquele desejo torpe.

Acariciei, comecei a escalar os centímetros,

Daquela tentação que me excitava.

Os dedos procuravam as saliências,

Nelas se firmavam minhas mãos

Sentindo a dureza, a sua aspereza,

Mas na mente eu tinha a certeza

Da viagem ao incógnito, ao paraíso,

Onde me esperavam os anjos

Com taças de vinho e maná de prazeres

Que eu jamais experimentara.

Subi, agarrando-me a ele com ansiedade,

Fascinada pela sua beleza, pelo seu desafio,

Gravei, na sua alvura, as figuras escuras

Das minhas mãos e dos meus pés.

Finalmente explodiu o gozo, a vitória,

De escalar tão alto muro.

Surpresa! Não havia anjos nem maná

Só um bravo cão me esperava do lado de lá...

20/03/05.