Para Sylvana, que me falou do silêncio.

O silêncio no poeta
É a partícula mínima da distância
Entre sentir e não falar...
O poeta se cala pelo óbvio de ser
Solitário
No rio dos dias e semanas sem razão.
 
A poesia precisa de terra
É uva rara, matéria de Pinot Noir
Sua essência de vinho que embriaga
Sua força de chuva que exala
Tantas e tantas primaveras
Não floresce na incerteza do ar...


O ar é casa dos raios, abrigo de falcões
A poesia rapina a alma
Fertiliza emoções...
 
Eu, poeta por vezes cansado
De mãos calejadas a mirar o vazio
Almejo por um poema outro
Que me faça reencontrar...
 
Não o que perdi
Porque perdido tudo há de estar
Mas sim o que pulsa e existe
No pouco que inda posso acreditar.