ALGO INSANO

Há sempre algo poético

Nas marcas que a luta trás

No esperar silencioso no cais

Nas dores do amor secreto

No olhar que testemunha aflito

Nos sonhos sofridos que sagram

Na revolta dos fracos que se inflamam

Na boca que prepara o grito

Há sempre algo de santo

No húmus fedido que escorre

No agora infausto que ocorre

Nas horas de dor e pranto

No cantar singelo da Anne

No vislumbrar ateu do poeta

Na realidade vazia e deserta

Na clara ilusão que nos une.