Os demônios
Hoje acordei lúcido. Uma palavra gritada em minha cabeça:
“Liberdade!”, “liberdade!”, gritavam os demônios de minha alma.
Ser humano: ser vaidade. Conquista futura da ausência.
Ardia-me o rosto. Eu pecava em cada olhar, em cada gesto.
Desde cedo aprendi a ofender a minha humanidade.
É certo que, não sendo santo, não fui hipócrita.
Um trago no cigarro que estava sobre a mesa e o universo retornaria
Impossível e trágico, recheado de cores rivais e harmônicas.
Dilacera-me o peito a pergunta que, à noite, foi feita por algum deus:
- “O que faz o homem tão grande e ao mesmo tempo tão medíocre?”
- “Liberdade!”, teimavam os demônios.