OBJETO

Foi-se o tempo nos ponteiros do relógio

Engasgado

E fui apenas objeto, livro aberto,

Chão e teto, tempo passado.

E se fui só, vício curado

Em teus braços deixo de ser

A voz, a vez, o princípio, o esperado

A entrelinha, o RG

E ainda sou tua calma

Na paz que me tiras, nos dias

Quando mergulho a alma na alma.

E ainda és página incompleta...

No céu a angústia, no chão o poeta.

És dono de tudo quanto vejo

Exceto de seu desejo, e de minha porta aberta.