Chão Gretado
Nas paredes seminuas
Uma moldura de casal
Ancestrais olhando as ruas
Quem chega por bem ou mal
As pupilas imóveis me perseguem
Sou intruso na casa rústica
Onde o fogo crepita entre tijolos
A cozinha se torna acústica
Panelas e vasilhames pendidos,
Panos em miolos
Punhos de redes protegidos
Sob os beirais do telhado
Potes prestes ao aparado
Das águas bentas do céu
Trazidas por alado corcel
O chão gretado por canícula
Forma nas janelas uma película
Vapores de um sol causticante
Terços postos na cremalheira
Para as rezas de benzadeus
Onde pede a velha rezadeira
Chuva pelo amor de Deus...