relogios
fundo
onde não tem fundo
lugar sem lugar
onde perguntas não tem
vez, arsenal esquecido
onde palavras, armas feita
de signo não tem vez nem
reinado, não pergunto, mais
sei, porque nesse ponto, onde
nada é o que parece ser, muito
menos essas palavras, outras vezes:
cachorras desgovernadas, tão cheias de si,
abre-se com no gesto nos ombros das tripas:
relógio que nos descreve.
quem disse que
relógico com duas pontas
que roda e roda
como roda as coisas
e rodam, nesse caso em torno da
lente, entende de carne e osso
dessa impaciência que sangra
dos pés
até o pescoço, lente que nos
prende,
que dela depende (infelizmente)
o meu fundo bolso.
ponteiro pequeno
ponteiro grande, numa
dança satánica que poucos entendem
que nos arranca da vida
e nos põe num fora dentro, a troco
do aluguém e de comida pra pança?
sem só de pao vive o homem, fala
outro homem que entrou na mesma dança
tic tac pela manha
outros tic, outro tac no metrô
outro tic outro tac no relógio de
ponto, maquinário fermentado no abandono!
onde está esse que escreve? perdido
atrás de muitos relógios, relógio
soldados que nos ser grita serem donos
desse relógio que não é unico
mas como uma procissão nos torna seu dono