relogios

fundo

onde não tem fundo

lugar sem lugar

onde perguntas não tem

vez, arsenal esquecido

onde palavras, armas feita

de signo não tem vez nem

reinado, não pergunto, mais

sei, porque nesse ponto, onde

nada é o que parece ser, muito

menos essas palavras, outras vezes:

cachorras desgovernadas, tão cheias de si,

abre-se com no gesto nos ombros das tripas:

relógio que nos descreve.

quem disse que

relógico com duas pontas

que roda e roda

como roda as coisas

e rodam, nesse caso em torno da

lente, entende de carne e osso

dessa impaciência que sangra

dos pés

até o pescoço, lente que nos

prende,

que dela depende (infelizmente)

o meu fundo bolso.

ponteiro pequeno

ponteiro grande, numa

dança satánica que poucos entendem

que nos arranca da vida

e nos põe num fora dentro, a troco

do aluguém e de comida pra pança?

sem só de pao vive o homem, fala

outro homem que entrou na mesma dança

tic tac pela manha

outros tic, outro tac no metrô

outro tic outro tac no relógio de

ponto, maquinário fermentado no abandono!

onde está esse que escreve? perdido

atrás de muitos relógios, relógio

soldados que nos ser grita serem donos

desse relógio que não é unico

mas como uma procissão nos torna seu dono

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 26/10/2016
Código do texto: T5803764
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